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viernes, 30 de abril de 2010

Comunidade Ecológica e Comunidad Social: Uma leitura da integração


Os magros resultados dos programas e ações da conservação dos recursos naturais têm propiciado a revisão do rol da comunidade nas estratégias e desenvolvimento da conservação (Agrawal e Gibson, 1999). Pesquisadores, Gestores e Agentes públicos vinculados às questões socioambientais utilizam o conceito de comunidade com confusão; falam de comunidades tradicionais ou comunidades locais sem fazer distinção alguma. Um esclarecimento do conceito e das abordagens é necessário.

Neste ensaio apresentarei: uma revisão do conceito de comunidade de uma perspectiva tanto ecológica quanto social, um ponto de integração das perspectivas através das interações, sejam ecológicas ou sociais, e o processo de complexização das abordagens.


  • Comunidade na Ecologia: Em busca das interações


A primeira observação que é possível fazer do conceito de comunidade é que sua definição depende de seu grau de complexidade. Uma definição operacional pode ser encontrada em Begon (2006): “a comunidade é um agrupação de populações no tempo e no espaço” (Begon, 2006:469). O mesmo autor assinala que a Ecologia de Comunidades tenta “entender a maneira em que determinados grupos de espécies estão distribuídas na natureza, e a maneira em que estes grupos são influenciados pelo ambiente abiótico e as interações com outras populações” (ibid).


É interessante observar que a definição da Ecologia de Comunidades apresenta três características essenciais: diversidade de espécies, interações, e fluxo de energia. Lewinson (2004) dirá que aquelas características da Ecologia de Comunidades respondem a uma origem diversa, produto dos diferentes programas de pesquisa que lhe dão forma: Geografia, Demografia, Metabolismo (op.cit) e reconhece aqui a dificuldade para a construção de um conceito unificado da disciplina.

Mas é possível ler também esta dificuldade como o processo de complexização da Ecologia da Comunidade, produto da integração de áreas congêneres (Lewinson 2004) – como a ecologia de ecossistemas- ou da própria sofisticação da disciplina (Pickett et. al 1994).


Seja a definição de Ecologia Geral ou a Ecologia de Comunidade é possível distinguir um ponto em comum: o interesse nas interações. O foco nas relações permite sobrepassar a abordagem unidirecional baseado na diversidade e riqueza das espécies, e deixar de pensar que uma comunidade é só a soma de seus componentes. As interações interespecíficas –e intra-específicas- podem ser verticais ou horizontais: as primeiras se referem a relações de predação ou parasitismo e as segundas a relações de cooperação e mutualismo. Tais questões falam precisamente da organização das interações, mas que devem ser entendidas desde uma aproximação integradora com o objetivo de identificar estruturas funcionais e não inventários completos de espécies (Lewinsom 2004).


Assim podemos falar agora, por exemplo, “de relações multitróficas animais-plantas as que podem variar dependendo do clima, da variação temporal, além de características comportamentais específicas dos organismos envolvidos” (Del Claro et. al 2009:22). E que estes novos sistemas “não estão isolados e que podem afetar e ser afetados pelos outros à sua volta. A biodiversidade deve ser vista e avaliada de modo a também contemplar a riqueza inerente das interações entre animais e plantas, incluindo o papel ecológico das espécies, os tipos de interações e seus resultados, a estrutura trófica da teia, pressão de seleção, heterogeneidade

de habitat e variação geográfica” (ibid)


Fica claro que a complexização da abordagem e conceito da comunidade em Ecologia precisa da integração de novas perspectivas. Ainda mais sem introduzirmos o homem. A comunidade ecológica não deve ser entendida só como um stock de espécies e interações, deve avançar para uma consideração ecossistêmica das comunidades.


  • Comunidade nas Ciências Sociais: Dicotomias e Sociedades Complexas

O conceito de comunidade nas ciências sociais tem longa data e as primeiras definições falam das relações e ordem social (poderíamos dizer também interações), sem fazer referência explícita ao conceito de comunidade. Aristóteles fala de koinona, como todas aquelas formas de socialização do ser humano independente do tipo do vínculo social (Honneth 1999). Depois de Aristóteles são os filósofos do contrato social que fazem uma nova revisão do conceito. Tanto Hobbes quanto Locke integraram a noção do contrato entre as pessoas para explicar a ordem social. A diferença entre esta versão e antiga é que esta explica a interação social: seja como um contrato de cidadãos livres (Locke), ou seja, como efeito coercitivo de um Leviatã (Hobbes). Posteriormente, os filósofos do início do século XIX (Hegel, Burke) começam a fazer as primeiras distinções do conceito da comunidade, assinalando que toda agrupação social está sujeita a uma condição preexistente de unidade baseada em características comuns (op. cit.). Com isto se abre a porta à integração dos valores ou à cultura como sustento do vínculo social, sendo os valores nacionais o melhor exemplo disso. Esta complexização do conceito tem seu ponto culminante na obra de Tönnies (1946), que fez a distinção, agora clássica, entre sociedade e comunidade. Ele fala da comunidade como aquela agrupação social em que as pessoas, produto de sua procedência comum, proximidade local ou valores compartilhados, logram coincidir em seus critérios de ação e decisão. Ao contrário, sociedade refere a uma agrupação social baseada em um contrato racional com o objetivo de alcançar a maximização de seus interesses pessoais (Tönnies 1947).


A definição de Tönnies mostrou uma distinção radical entre comunidade e sociedade que há derivado em diversas leituras e ações, tanto teóricas quanto políticas. E gerou também muitas críticas pela inaplicabilidade do conceito numa sociedade complexa onde as relações sociais estão transversalmente cruzadas pela instrumentação ou racionalidade (Spaargaren and Buttel 2000).


Agrawal (1999) assinala que a abordagem tradicional da comunidade caracterizada por uma unidade espacial pequena, homogeneidade sociocultural, interesses e normas comuns, ignora a complexidade dos grupos sociais atuais impedindo uma análises critico dos interesses dos múltiples atores e comunidades que hoje caracterizam a situação (op. cit). Ele propõe uma abordagem que assuma a nova condição das comunidades baseada na multiplicidade de interesses e atores, as diversas escalas e níveis, e os arreglos institucionais. Sim dúvida estas características tornam mais sensato as análises da comunidade e propiciam um espaço para o desenvolvimento das ações dos sujeitos.


O que é interessante resgatar do processo de complexização da abordagem é que a comunidade faz referencia aos tipos de relações ou interações sociais: contratuais ou afetivas, mas que na sociedade atual se misturam numa mesma realidade social. Tal como aconteceu na ecologia das comunidades foi necessário sofisticar o conceito para lograr um melhor entendimento dos objetos do estudo.


  • Conclusão

A remição do conceito de comunidade a partir da Ecologia e as Ciências Sociais –especialmente a Antropologia- demonstram o processo inerente das ciências, isto é, a complexização da abordagem produto dos objetos de estudo e de sua própria dinâmica interna. É esclarecedor também comprovar que tanto a Ecologia quanto a ciências sociais funcionam a partir de paradigmas, nenhum definitivo e em constante interação.


Foram as interações em as duas perspectivas que fizeram o ponto de integração. Em Ecologia desde inventários de espécies a relações funcionais e nas Ciências Sociais desde uma dicotomia instrumental/afetiva a uma multiplicidade de interesses. O caminho mostrado pelas interações permite fazer uma leitura socioambiental abrangente, onde o ambiente e o homem interagem reciprocamente. Esta nova perspectiva faz uma síntese da comunidade e abre a porta a novos problemas e situações com a conservação dos recursos naturais de base comunitária, a biodiversidade interativa e as redes sócio-ecológicas.


Francisco Araos Leiva

Antropologo social

Doutorando Ambiente e Sociedade NEPAM-UNICAMP, Brasil.




Bibliografia

Agrawal, A; Gibson, C. 1999. Enchantment and Disenchantment: The Role of Communuty in Natural Resource Conservation. World Development 1999, vol. 27, No. 4.

Begon, M; C.R. Townswnd; J.L. Harper. 2006. Ecology, From Individuals to Ecosystem. Balckwell Publishing, Malden, USA.

Del-Claro, K; Torezan-Silingardi1,H; Belchior1, C; Alves-Silva1, E. 2009. Ecologia Comportamental: Ferramenta para compreensão das relações planta-anima. Oecol. Bras., 13(1): 16-26.

Honneth, A. 1999. Comunidad. Esbozo de una Historia Conceptual. ISEGORIA 1999:20.

Lewinson, T. 2004. Em Busca do Mons Veneris: É Possível Unificar as Ecologias de Comunidades. Ecologia Teóricas Desafíos para o aprefeçoamento da Ecologia no Brasil. Belo Horizonte: O Lutador.

Pickett, S; Kolasa, J; Jones, C. 1994. Ecological Undersatnding: The Nature of Theory an the Theory of Nature. Academic Press, san Diego.

Spaaegaren, G; Mol, A; Buttel, H. 2000. Enviroment and Global Modernity. Sage Studies London. Thousand Oaks, New Delhi.

Tonnies, F. 1947. Comunidad y Sociedad. Fondo de Cultura Económica. México.


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